As Minas Ontem e Hoje

A mineração nas Terras do Volfrâmio e do Estanho.

A mineração nas Terras do Volfrâmio e do Estanho é longa, vem de há pelo menos 3 milénios, pois os primitivos habitantes do castro de Argemela (Barco) foram também mineiros e fundidores. Porém é com a descoberta do volfrâmio no Vale da Ermida (na atual freguesia de S. Jorge da Beira), em finais do século XIX, que começa verdadeiramente a vocação mineira deste território. O registo desta primeira concessão foi efetuado em Setembro de 1881, a riqueza da jazida foi desde logo reconhecida e a progressão na procura e valorização do minério, sobretudo para a sua utilização para filamentos elétricos, e ligas metálicas de elevada resistência, determinou a passagem da concessão por diferentes capitalistas e empresas até vir a ser detida em 1927 pela Beralt Tin and Wolfram Limited.

 

Dos primórdios à atualidade há um percurso histórico sinuoso, no qual o período da II Guerra Mundial constitui o zénite, pois o preço do volfrâmio atingiu cotações máximas, levando a uma corrida ao chamado ouro negro, havendo estimativas que indicam a existência de mais de 10.000 pessoas envolvidas na procura do minério; seja como trabalhadores nas minas, seja num regime independente, designado ao quilo, em concessões mineiras ou nos terrenos privados.

O desejo de um rápido enriquecimento levou ao surgimento de uma outra categoria de exploração, o chamado saltipilha, clandestino e ilegal, que implicava a entrada nas galerias pelos poços de ventilação e a colheita de minério anteriormente escondido nas concessões ou lavras à superfície, sendo vendido a “candongueiros” que posteriormente o encaminhavam, ora para os Aliados ora para os Alemães.

Embora a exploração do volfrâmio e do estanho fosse, e seja feita ainda, na área do chamado Couto Mineiro da Panasqueira existiram, disseminadas pelo território, outras explorações mineiras de menor dimensão, nomeadamente no Barco (minas da Argemela e Recheira), Peso, e Cortes do Meio.

As jazidas da Panasqueira continuam a ser exploradas; diariamente descem às minas várias dezenas de mineiros, por cada quilograma de volfrâmio é gerada uma tonelada de material sobrante depositado nas suas monumentais escombreiras. Na progressão das galerias os mineiros encontram por vezes cristais que são verdadeiras joias, e que fazem da Panasqueira um local mundialmente conhecido pelos colecionadores de minerais.

Cada quilograma de minério gera cerca de uma tonelada de inertes diariamente depositados nas monumentais escombreiras da Barroca Grande. A água utilizada nas lavarias funciona em circuito fechado, ou seja no final do processo de decantação sucessiva, as lamas são retiradas e a água entra novamente em circulação.